Dizeres da Nazaré



Álvaro Laborinho, “Há hora do banho (banhistas na Praia) 6ª feira – Festas”, 1913
MDJM inv. 1043 Fot.

Lembrando os "palecos" que vinham em setembro "a banhos" à Nazaré...

É cada ping' que mata um palec! [É cada pingo que mata um "paleco"!] - Diz-se quando chove fortemente.
Também se costuma dizer: "é cada ping' que baldêa um palec"!

Consideravam-se como "palecos” os camponeses que, após as vindimas, vinham com trouxas e cestos de palha passar férias à Nazaré. Criou-se, então, a tradição de "dar banhos", hoje já não verificada. 

Após a alvorada, durante o mês de setembro, a praia da Nazaré enchia-se de “palecos” de colete, chapéu preto, em combinação ou pijama, com calças arregaçadas e saias levantadas, agarrados a um banheiro-pescador, que lhes “dava banho”, olhando pela sua segurança no mar. Molhando-se apenas até à cintura ou rolando na força das ondas carregadas de areia, para alguns a “hora do banho” era um mero divertimento, para outros, “era uma autêntica peregrinação porque lhes era dada a oportunidade de exporem os seus corpos com os seus males aos 'milagres' da água salgada” (Armando Salles Macatrão, “Expressões da Nazareth”, 1988)

Com o tempo, passou-se a considerar “palecos” todos os indivíduos nascidos fora da Nazaré.

Conheça esta e outras expressões nazarenas em "Dizeres da Nazaré". 

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