"Seca fatos de oleado" é o Mote do Carnaval Nazaré 2016


Lança Cordeiro (1938 - 2000), “Roupa estendida ao sol entre os barcos no areal”, s.d. [anos 1950-70]. MDJM inv. 3162 Fot.

 

“Seca fat's d'óliad” [Seca fatos de oleado!] é o Mote do Carnaval 2016 na Nazaré, expressão empregue em relação a uma pessoa maçadora e que remete para a identidade nazarena ligada ao mar e à pesca do bacalhau.

Na Nazaré, em meados do século XX, era comum avistarem-se muitos fatos de oleado a secar nas ruas e em quintais, principalmente, antes dos bacalhoeiros partirem para as longas viagens de sete ou mais meses, para a Terra Nova e Gronelândia.

Nas lojas de fazendas, as mulheres dos bacalhoeiros compravam pano-cru (tecido de algodão assim designado por não possuir qualquer coloração) e levavam-no às costureiras para fazer os fatos dos seus familiares, por medida.

Uma fábrica de fiação localizada à entrada de Alcobaça (na estrada Valado-Alcobaça) era a principal fornecedora das lojas de fazendas locais. Aos fatos acabados era, depois, aplicada uma série de demãos de óleo de linhaça, para ficarem impermeáveis. Cada demão levava cerca de uma semana a secar, pelo que só após várias semanas os fatos de oleado ficavam prontos.

Esta ideia de duração está, por isso, subjacente à expressão nazarena “seca fatos de oleado”, quando aplicada em relação a alguém cansativo ou maçador.

Um fato de oleado completo, para o bacalhau, incluía um “sueste” (chapéu), um casaco, um par de calças, um par de mangas (denominadas “manguitos”) e de um avental. Este último era utilizado pelos pescadores que, a bordo dos navios, escalavam o peixe.
 

Além de ser usado pelos antigos bacalhoeiros, este “fato de oleado” era usado também pelos pescadores “do candil”, ou seja, por aqueles que se dedicavam (e se dedicam) a pescar na enseada da Nazaré, sobretudo o carapau, um tipo de pesca que obriga o pescador a permanecer várias horas no mar.
 

Finalmente, também as velas de pano-cru de barcos como os batéis eram tratadas com óleo de linhaça.

E como no Carnaval da Nazaré não se quer ninguém “maçador”, o Museu Dr. Joaquim Manso deseja um BOM CARNAVAL 2016 a todos os foliões!

Para + informação sobre o Carnaval da Nazaré 2016, clique aqui.
 

Álvaro Laborinho (1879 - 1970), "Roupa estendida na praia", s.d. [anos 1910-30]. MDJM inv. 2521 Fot.

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